A leitura na adolescência

A minha experiência no contacto com os jovens adolescentes já me ensinou que eles gostam de ler. Já me ensinou que muitos leem muito e que outros nem por isso. Porque não há tempo... As múltiplas atividades quer sejam culturais ou desportivas que ajudam os pais a ocupá-los, porque falta tempo para estar em família com eles, tiram tempo precioso para desenvolver cumplicidades. Por isso, já não há espaço para a leitura em família, muito menos para a partilha de conversas e de partilha de ideias e de afetos que os livros sempre nos proporcionam a nós, leitores.

Ler em família começa por ser um hábito entre pais e crianças, que se vai perdendo à medida que elas vão desenvolvendo competências que lhes permite ler, individualmente. Os pais, sem darem conta, deixam de ser cúmplices na leitura. E assim, desaparecem também os momentos de afeto que surgiam quando se partilhavam histórias. Os interesses dos jovens adolescentes vão, é certo, mudando, restando pouco tempo para o silêncio que a leitura exige. Os pais vão, cada vez mais, deixando criar-se o fosso da falta de comunicação entre jovens adolescentes e os adultos. Tudo isto acontece e é natural. Mas o que não devia acontecer era o fim da comunicação e o fim da partilha de conversas. E é aqui que entra a leitura em família. Porque não lemos já as histórias da infância, não significa que não continuemos a partilhar palavras. Elas estão nas notícias que ouvimos nos media, mas também estão nos jornais e nas revistas em papel ou diigital e estão também nos textos que solitariamente vamos lendo e que são sempre um pretexto para a conversa em família.

Pais leitores têm sempre assunto para comunicar aos seus filhos. Assim, através do exemplo, a leitura acontece.

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